Sunday, November 12, 2006

EM VERDADE, EU NÃO VOS DIGO...


Em verdade, rimos daqueles que têm coragem de ser feliz, de extravasar sua alegria, de sorrir, de dar gargalhadas, sem se incomodar com o que digam a seu respeito, com as piadas que, em vão, farão. A esses chamamos de loucos e nos consideramos normais.
Filhos do comércio e da burguesia, rimos daqueles que se satisfazem com o pouco, que amam a vida e as pessoas sem pensar no lucro ou na ascensão social que elas possam lhe proporcionar. Eles têm o espírito mais forte, mas nós somos tão mais lindos. Tão óbvios, forjados em clichês e vestidos com Armani`s e Hugo Boss.
Somos filhos do futuro, espectadores atentos dos acontecimentos, seguidores fiéis da parcialidade e da praticidade, somos cristãos novos, que têm medo de rezar no escuro, talvez porque tenhamos medo do que somos ou do que nos tornamos através dos séculos e precisemos de um ventríloquo para nos guiar e para culparmo-lo por tudo: Gepetto e Pinóquio.
Somos crentes naquilo que vemos e lemos, somos tão inteligentes, lemos a Veja, isto é, Galileu e outras, Caros Amigos e as Cartas Capitais. Somos tão imperativos. Tão previsíveis. Conhecemos todos os nossos direitos. Somos tão fiéis. Tão omissos.
Somos tão rebeldes, mesmo que essa rebeldia seja comedida e contida. Somos tão egoístas em nosso mundinho do faz-de-contas, nossos jogos de cartas marcadas, nossa vida gabaritada de “piscinas cheias de ratos, idéias que não correspondem aos fatos e esse tempo que insiste em não parar”.
Somos tão legais, somos cristãos, embora o cristianismo tenha morrido na cruz que nós mesmos construímos, também, damos esmolas a quem precisa, pois precisamos aliviar nossa parcela de culpa em o mundo ser essa “merda” que aí está diante de nossos olhos atônitos e inertes. Precisamos nos sentir bem diante de tanta desigualdades e injustiças sociais, precisamos fazer nossa parte e deixar que nossos representantes legais roubem o resto de tudo que ainda há.
Rimos dos miseráveis que aumentam o contingente de (indi)gentes que vivem nas ruas, mas que coisa chata, a vida não é vida, a vida é ouro de tolo, como diria um certo maluco beleza. A vida é metafísica, ilusão de ótica como disse um certo filosofo que todos achavam ser louco pelo simples fato de gritar aos cinco cantos do mundo a verdade sobre a sociedade e sua hipocrisia.
E o mundo não é mundo, o mundo é apenas uma grande coisa que não existe. E a verdade que conhecemos é uma grande mentira repetida.... que até pinóquio teria vergonha de contar.
Fredson...

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