EM VERDADE, EU NÃO VOS DIGO...
Em verdade, rimos daqueles que têm coragem de ser feliz, de extravasar sua alegria, de sorrir, de dar gargalhadas, sem se incomodar com o que digam a seu respeito, com as piadas que, em vão, farão. A esses chamamos de loucos e nos consideramos normais.
Filhos do comércio e da burguesia, rimos daqueles que se satisfazem com o pouco, que amam a vida e as pessoas sem pensar no lucro ou na ascensão social que elas possam lhe proporcionar. Eles têm o espírito mais forte, mas nós somos tão mais lindos. Tão óbvios, forjados em clichês e vestidos com Armani`s e Hugo Boss.
Somos filhos do futuro, espectadores atentos dos acontecimentos, seguidores fiéis da parcialidade e da praticidade, somos cristãos novos, que têm medo de rezar no escuro, talvez porque tenhamos medo do que somos ou do que nos tornamos através dos séculos e precisemos de um ventríloquo para nos guiar e para culparmo-lo por tudo: Gepetto e Pinóquio.
Somos crentes naquilo que vemos e lemos, somos tão inteligentes, lemos a Veja, isto é, Galileu e outras, Caros Amigos e as Cartas Capitais. Somos tão imperativos. Tão previsíveis. Conhecemos todos os nossos direitos. Somos tão fiéis. Tão omissos.
Somos tão rebeldes, mesmo que essa rebeldia seja comedida e contida. Somos tão egoístas em nosso mundinho do faz-de-contas, nossos jogos de cartas marcadas, nossa vida gabaritada de “piscinas cheias de ratos, idéias que não correspondem aos fatos e esse tempo que insiste em não parar”.
Somos tão legais, somos cristãos, embora o cristianismo tenha morrido na cruz que nós mesmos construímos, também, damos esmolas a quem precisa, pois precisamos aliviar nossa parcela de culpa em o mundo ser essa “merda” que aí está diante de nossos olhos atônitos e inertes. Precisamos nos sentir bem diante de tanta desigualdades e injustiças sociais, precisamos fazer nossa parte e deixar que nossos representantes legais roubem o resto de tudo que ainda há.
Rimos dos miseráveis que aumentam o contingente de (indi)gentes que vivem nas ruas, mas que coisa chata, a vida não é vida, a vida é ouro de tolo, como diria um certo maluco beleza. A vida é metafísica, ilusão de ótica como disse um certo filosofo que todos achavam ser louco pelo simples fato de gritar aos cinco cantos do mundo a verdade sobre a sociedade e sua hipocrisia.
E o mundo não é mundo, o mundo é apenas uma grande coisa que não existe. E a verdade que conhecemos é uma grande mentira repetida.... que até pinóquio teria vergonha de contar.
Fredson...
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