Sunday, November 12, 2006

SIGO COM A FORÇA DOS MEUS ORIXÁS!!!

Com a força dos meus Orixás eu sigo em meu caminho, tenho teu nome escrito em meu patuá. No escapulário amarrado ao meu pulso trago a imagem de Cristo e Oxalá, como o Yin e o Yang. Sigo assim o meu caminho em direção ao desconhecido, a falta de lógica do absurdo, sigo na direção que a estrada me conduz sem perguntar o porquê, apenas seguindo.
Sigo sem medo ou com todos os medos conjugados em meus olhos castanhos protegidos pelos vidros que fazem minha miopia diminuir. Só sei que sigo... Mesmo sem saber quem sou. Eu sigo. Mas quem sou eu? Seria eu apenas uma projeção daquilo que vejo na Vênus que fica exposta em um altar em frente à sala de jantar?
Que caminho devo seguir? O caminho das pedras ou o caminho das placas? Talvez eu deva seguir e apenas, e deixar que meus passos me conduzam, vou apenas andar, olhar à direita e à esquerda e em frente como fazia o guardador de rebanhos. Sem me esquecer de me dar o pasmem que a vida exige de quem não quer cair na monotonia, ou então, quer fugir dela.
Vou sentir o cheiro das flores, sentir o vento tocar o meu rosto, comer a fruta caída da árvore, como em um ritual Oriental.
Quero sentar-me diante de um rio e ficar em silêncio. Ouvindo o som do meu coração batendo assistindo a guerra que dentro de mim se trava, o homem moderno quer voltar à civilização que ele conhece, aos seus livros de cálculo, suas máquinas, sua tevê, seu dvd, seus discos novos, de novos sucessos descartáveis, sua vida medíocre em que ele não se sabe quem domina quem, se o homem domina o metal ou se o vil metal domina a criatura que se orgulha de se denominar de ser humano, falta-lhe humildade para consultar o dicionário. O homem humilde quer permanecer e encontrar-se a si mesmo novamente para ficar em paz. É um luta muito igual, eu apenas assisto-a esperando quem vai vencê-la.
Não lembro meu nome. E isso não vem muito ao caso, meu nome poderia ser árvore, poderia ser vento ou mesmo chuva, poderia ser Jesus, poderia ser Francisco. Quem sou ou quem querem que eu seja: um homem moderno, que faz contabilidades ao invés de sentir, que calcula ao invés de sonhar, é disso que fujo. Busco a simplicidade de um sorriso, de uma conversa jogada fora sem a pressão do relógio de pulso. Permito-me ainda ser pressionado pelo relógio biológico, pois a fome ainda quero senti-la.
Fome de tudo, de vida, de arte, de paz, de poesia, daquela que senta ao meu lado e me sorri nos momentos difíceis, que me ajuda a carregar o peso que o mundo quer jogar em meus ombros, não sou herdeiro da cruz, sou herdeiro de uma geração que nega, mas termina crendo. Mas quero fugir do homem que nega a criança que há dentro de si. Que nega ao sonhador que luta por um mundo melhor e mais justo o direito a uma revanche que todos têm em uma vida como a que levamos. Quero despistar o homem que não aprendeu com o filho do Homem a amar ao próximo como a si mesmo.
Vou esquecer o meu lenço, não vou chorar durante essa caminhada a que me proponho, e se chorar o vento quente secará minhas lágrimas ou então elas se misturarão ao suor que escorre do meu rosto. Meus pés vão encontrar o solo do qual há muito se afastou. Meus documentos vão ficar na minha carteira, juntamente com os meus cartões de crédito, e o dinheiro que tenho, aquele não sou eu. Ou melhor, aquilo é o resto do que fui. Não farei mais parte daqueles que contribuem para o falso crescimento do país, daqueles que contribuem para a riqueza esperta de uma minoria que nos rouba noite e dia, informação de ultima hora, mais um grande desfalque foi dado no Brasil agora mesmo, você duvida? Eu não. Das estatísticas do IBGE, homem, negro-europeu-índio-confuso, desaparecido, perambulando por becos e vielas, dormindo em praças, querendo saber se existe de fato ou se é apenas um dado estatístico, uma leve inclinação para mais ou para menos nos números que dizem o como está a sociedade capitalista. Mas o que é oficial não me interessa mais.
Livro-me assim da gaiola que me prendia a uma ilusão, a o ouro de tolo, não mais me chamarão por Chico ou por poeta, estou livre de tudo que esses nomes encerram em si, de toda dor, toda tristeza e dúvida, quero seguir e criar algo de novo em mim.

Fredson...

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